Trilhando caminhos muito próprios, Renato Forin, Felipe Melhado e Felipe Pauluk são os convidados do Londrix para debate
Ainda que o pensamento comum seja de que escritores são ricos, que ganham fortunas com a publicação de seus livros, no Brasil – um país onde se lê pouco - essa realidade não é bem assim. O Londrix propõe uma reflexão sobre “Como viver de literatura em Londrina” com três escritores da geração 2000, que têm trajetórias completamente diferentes, embora todas ligadas à literatura.
Trilhando caminhos muito próprios, Renato Forin, Felipe Melhado e Felipe Pauluk são os convidados do Londrix para o debate no dia 6 de maio, às 16 horas, no CLCH, sala 126 da Universidade Estadual de Londrina (UEL). De alguma forma, eles fomentam o meio literário londrinense, já que os três têm livros – ou mais extensivamente a palavra – como um meio ou como um fim.
Nesta conversa, os escritores vão propor uma reflexão que vai além do viés financeiro, porque nem sempre o fato de escrever tem relação com o fato de ganhar dinheiro, mas sim com o prazer e com o que te define como pessoa.
E é exatamente isso que pensa Felipe Melhado, jornalista freelancer e editor na Grafatório Edições. Para ele, àqueles que conseguem sobreviver de literatura estão engajados em atividades extra-literárias (nem que seja circulando pelo país dando palestras, oficinas, etc). “Mas viver de literatura eu acho que é outra coisa, que pode ser pensada sobre outra perspectiva, que não essa de pagar as contas. Fazer da literatura aquilo que organiza a existência, num sentido subjetivo, ético, afetivo, isso é algo mais acessível, pelo menos teoricamente”, diz Melhado.
“Ter uma relação intensa, se deixar formar por aquilo que você escreve, lê ou edita, é uma estratégia muito interessante para constituir a si mesmo como sujeito. Para mim, que nunca me sustentei editando meus próprios livros, esse parece ser um significado mais potente da expressão ‘viver de literatura’", pondera Melhado.
Para o jornalista Renato Forin, prêmio Jabuti com seu "Samba de uma Noite de Verão", o tema proposto pelo Londrix tem um sentido duplo, ambíguo: “nós vivemos de literatura porque estar em contato com as palavras poéticas é uma espécie de alimento estético, de necessidade inarredável. No meu caso, a palavra é a matéria-prima da profissão de jornalista mas, mais que isso, é o centro dos trânsitos que opero na criação, entre várias artes”, explica.
O jornalista diz não viver de literatura no sentido profissional, mas jamais quer deixar de viver neste universo de expansão de pensamento que o livro propicia. “Vou falar justamente sobre a dificuldade de ter uma vida dupla para conseguir produzir arte e a necessidade dos editais para que, apesar de todas as dificuldades, pelo menos o livro possa ganhar materialidade”.
Para o curitibano já considerado londrinense, Felipe Pauluk, que lançou seu primeiro livro em 2011, fazer arte em geral é dificultoso no país. “A literatura é o primo pobre de tudo isto. Não gosto de fazer melodramas com o assunto, creio que todo mundo já está um pouco de saco cheio de escritor chorando nas redes, ‘meu deus, ninguém me lê’. Eu consegui um certo reconhecimento criativo, por causa da literatura. Hoje trabalho com roteiros, textos e outras coisas que envolvem redação, mas mais voltado ao lado criativo do que ao literário propriamente dito”, diz ele.
Para Felipe Pauluk, a ideia deste debate é expor a real situação da literatura e mostrar aos presentes as dificuldades “destes caminhos de espinho”, para quem realmente quer viver de literatura. “Por outro lado é incentivar a criação por amor, por dom e paixão, se no princípio de tudo você não tem isto, guarde sua canetinha e caderno e tente outra coisa na vida”, sugere.
Realização:
AARPA
Apoio:
CULTURAL, INTERATIVA, RPC
Parceria:
Museu Histórico, UEL
Patrocínio:
PROMIC
SECRETARIA ESPECIAL DA CULTURA
MINISTÉRIO DA CIDADANIA
GOVERNO FEDERAL
Mais sobre os autores:
Felipe Melhado é jornalista freelancer e editor na Grafatório Edições, microeditora na qual organizou livros de autores como Paulo Leminski, Rogério Sganzerla, Paulo Menten e Arrigo Barnabé (no prelo). Traduziu, com Gabriel Daher, poemas do jamaicano Claude McKay, compilados no livro Porque Eu Odeio. Foi co-organizador da coleção Doc.Londrina, da editora Kan. Já realizou diversos trabalhos editoriais para casas como Leya, FTD, Abril, etc. É mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina.
Renato Forin é jornalista. Recebeu Prêmio Jabuti, prêmio literário mais prestigiado no aís, com o livro "Samba de uma Noite de Verão" (KAN editora, 2016) e está previsto para agosto o lançamento de outro livro: "OVO". Atualmente, trabalha como freelancer no jornalismo/assessoria de imprensa, além de coordenar a comunicação do Festival de Dança de Londrina.
Felipe Pauluk é curitibano residente em Londrina. Lançou seu primeiro livro, “Meu Tempo de Carne e Osso”, em 2011). “Hit The Road, Jack”, romance em 2012. Em 2015, foi lançado “Town”, novo romance do autor. "Comida di butequim" e "Tórax de São Sebastião" foram seu dois livros de poemas publicados em 2016. Em 2017, "Manual Prático de Perna Mecânica para Cantores", lançado pela BAR EDITORA. Felipe também é roterista.
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